segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

As Árvores da Fonte do Sol



















O David decide recuperar todas as árvores
que vegetam entre silvas na Fonte do Sol.
Depois de as ter plantado e acarinhado
durante anos ---- confesso que desisti: a terra
é dura e seca e o mato tem mais força do que eu..
Mas o intrépido David mobiliza as primas que,
devidamente apetrechadas, de alfaias ao ombro,
caminham para o matagal e deitam mãos à obra.
De repente descobrem:
- Olha a Pereira em flor! ---- Deleito-me: é verdade!
Como as ervas são muitas eles começam por abrir
um espaço de respiração em torno de cada árvore.
- Olha esta aqui! ---- diz a Sofia, ou talvez a Inês,
quem sabe se a Patrícia.
- É uma Oliveira, não é? ---- Digo que sim
mas eles querem saber se é mansa ou brava,
se lhes arrancam o mato ou a deixam assim.
Hesito. E respondo-lhes:
- Se fosse um bicho percebia-se logo! Então
se fosse um toiro... largávamos todos a orrer!
Mas uma árvore não tuge nem muge! ---- Decidimos
finalmente, que, mansa ou brava, seria tratada
com o mesmo ardor ---- e o mesmo amor.

Teresa Rita Lopes, Jogos, Versos e Redacções,
Lisboa, Editorial Presença, 2001