entras
num túnel
uma
caverna toda polida
e deitas-te como se fosse
o teu caixão
melhor
fechar os olhos
para
tentar adormecer
meia
hora ou a eternidade
tanto
faz
mas não
adormeces ainda
mesmo
com os ouvidos tamponados
escutas
martelar freneticamente
como se
fosse na tampa do teu ataúde
deixa-te
estar sossegado
e
parado no espaço e no tempo
há
sempre montanhas de assuntos para aprender
e tu
estás a treinar
para
saber estar quieto
ad aeternum
quinhentos
anos depois
de te
fecharem à chave
se
algum dia te encontrarem
verão
como foste um aluno distinto
assim
deitado de costas
sôfrego
de infinito
mas sem
nunca teres mudado
de
posição
27/11/2020
Anthero Monteiro