segunda-feira, 23 de março de 2009

Estrelas virgens






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Olha as estrelas, mãe, conhece-las?
Elas nunca dormem e olham para baixo para a terra com olhos ansiosos.
Tal como eu que não tenho asas e não posso voar, e me sinto infeliz,
As estrelas também são infelizes porque não têm pés e não podem descer à terra.

Todas as manhãs desces até à curva do rio com
O cântaro no gancho do teu braço para ir buscar água;

As estrelas olham os seus reflexos na água e hora após hora pensam como seriam felizes se tivessem sido donzelas aldeãs e pudessem nadar no rio com os seus cântaros a flutuarem ao lado delas.

Rabindranath Tagore, Poesia,
Lisboa, Assírio & Alvim, 2004
(tradução de José Agostinho Baptista)