terça-feira, 5 de maio de 2009

Falar com o relógio na mão...











falar com o relógio na mão
pela noite suspensa entre paredes emprestadas
falar com o relógio na mão
cortando o sonho aos pedacinhos comportáveis

falar com o relógio na mão
quando eram poucos os dias e as noites
falar com o relógio na mão
quando eram poucos os meses e os anos

falar com o relógio na mão
falar pensar olhar seguir amar
e amar e amar com o relógio na mão
eis o destino imediato

Mário Dionísio, Poesia Incompleta,
Mem-Martins, Publicações Europa-América, 1966