segunda-feira, 14 de março de 2011

Ao passar por Espinho









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Foto A.M.
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As ruas nasciam
de dentro dos comboios
e seguiam
direitas ao mar.

Os olhos dos meninos
tornavam-se navios
e alongavam
todo o novelo do peito
até ao fim da linha azul
do longe.

As casas abriam as janelas
e sorriam
à limpeza do ar.

Mas isso era no tempo
em que os comboios cantavam
com sotaque lento
e pousavam
por vezes
nalgum ramo de pinheiro
enquanto o mundo descansava
de tão longa caminhada.

José Fanha