quarta-feira, 16 de março de 2011

A estrada-de-ferro


Foto A.M.
Poesia sobre Carris,
sessão do Quarto Crescente da
Biblioteca Pública de
S. Paio de Oleiros
-
-
-
A estrada-de-ferro tritura ilusões,
come planícies, bebe descampado
e leva dentro dos seus vagões
os homens e o gado.
-
Um dia, sem discursos nem sermões,
tudo foi confiscado e leiloado,
descampado, planícies e vagões,
planícies e vagões e descampado.
-
Tudo como laranjas ou limões
nas banquetas de um mercado.
Tudo para aumentar confusões,
tudo com nevoeiro misturado
- e quem comprou os vagões
comprou os homens e o gado.
-
Sidónio Muralha, Poemas