sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Porque não digo adeus
O autor
(Foto Anaas)
naquele tempo
sobre o lugar do meu escrevi o teu nome
como sol humilhando todos os astros
ao olhar agora para além da cortina
diviso a cinza das searas incendiadas
os poentes submersos nas ondas dos dias
os dedos mirraram como gavinhas secas
dantes entrelaçadas pela ânsia e pelo ciúme
e as veias romperam-se pela usura
das seivas outrora fecundas
o número da tua porta onde eu batia
para chamar o infinito que prometeste
é ainda um oito deitado
mas agora muito mais ao comprido
e rígido como todos os mortos
tardo em dizer-te adeus
porque é palavra que o vento e o mar
vêm repetindo em minha vez
enquanto apagam uma a uma
toda as pegadas que deixei nos areais
Anthero Monteiro, inédito
Espinho, 24 de Fevereiro 2006
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Poema extra-tema do mês