quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Vampiro






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chegas de longa ausência - e é longa a eternidade
de dez minutos só cavados como um fosso
e para me vingar da mágoa e da saudade
eu mordo-te o pescoço
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agora já transformo o meu semblante amargo
e este ricto de fel num só momento adoço
mas recordo o sabor que me passou ao largo
e mordo-te o pescoço
----agora que raiou a minha e tua aurora
que outra música enfim pela amplidão já ouço
impiedoso castigo essa tua demora
e mordo-te o pescoço
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descobres-mo depois deliras e eu deliro
veneno instilo em ti tu em mim alvoroço
tanto te faz talvez eu ou outro vampiro
mas mordo-te o pescoço
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Anthero Monteiro,
Sete Vezes Sete Nuvens, Porto, Egoiste, 2010