sábado, 30 de julho de 2011
Las meninas (3)
Diego Velásquez,
Las meninas, 1656
eu fico à esquerda no computador.
durante a tarde vou escutando discos.
a teresa foi buscar lápis de cor
e faz na folha grandes asteriscos:
desenha a jarra e a flor e outra flor;
mas como a vassourinha trás dos ciscos
a joana desaustina em derredor:
vai-se à obra da irmã e enche-a de riscos.
no espelho a luz entre água e sombras voga
e em aéreos espaços me detenho,
com a porta a rasgar-se mais ao fundo.
e o cão. e os sete anões. assim se joga,
do olhar à flor, do lápis ao desenho,
o jogo das meninas com o mundo.
Vasco Graça Moura, Poesia 1963-1995,
Lisboa, Círculo de Leitores, 2001
Las meninas, 1656
eu fico à esquerda no computador.
durante a tarde vou escutando discos.
a teresa foi buscar lápis de cor
e faz na folha grandes asteriscos:
desenha a jarra e a flor e outra flor;
mas como a vassourinha trás dos ciscos
a joana desaustina em derredor:
vai-se à obra da irmã e enche-a de riscos.
no espelho a luz entre água e sombras voga
e em aéreos espaços me detenho,
com a porta a rasgar-se mais ao fundo.
e o cão. e os sete anões. assim se joga,
do olhar à flor, do lápis ao desenho,
o jogo das meninas com o mundo.
Vasco Graça Moura, Poesia 1963-1995,
Lisboa, Círculo de Leitores, 2001