quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Jogos de água
1
Corpo meu que no Mar de repente retomas
ao rebentar da onda a posição do feto
Surpreende a matriz de onde partem as ordens
Mas não perguntes mais Porque tudo é incerto
2
A sôfrega aventura A ligação mais firme
A flor de uma só noite A que se crê eterna
Não há forma de amor em que a água não vibre
Ou saliva Ou suor Ou lágrimas Ou esperma
3
Entranham-se na terra os arames da chuva
para apertar melhor as tábuas dos caixões
Ou para transmitir notícias de uma nuvem
Sem saberem que a morte as oculta depois
David Mourão-Ferreira,
Do Tempo ao Coração