quarta-feira, 1 de maio de 2013
Catarina viva, viva Catarina!
A morte de
Catarina Eufémia,
desenho de
José Dias Coelho
se não estivesses viva Catarina
não floriam de novo certamente
as papoilas sanguíneas do teu peito
mas viva estás constante no teu posto
e quando gritas às armas
logo enxadas disparam sobre o chão
tanques avançam firmes nas campinas
e lançam-se minúsculas granadas
para explodir em chama verde e fulva
ferindo a multidão com grãos de trigo
se não estivesses viva Catarina
o gigante dormia sobre as presas
e o povo não sabia que o não teme
mas viva estás e mais do que isso alerta
e quando gritas parem
o rubro das bandeiras faz-se negro
e em liliput sentam-se os anões
nas barbas do gigante furibundo
e comungando a raiva e o silêncio
gela o sangue nos braços dos sobreiros
se não estivesses viva Catarina
há muito que teriam estrangulado
as vozes militantes dos poetas
Anthero Monteiro,
in Abril Certo na Hora Incerta, Porto, 2010
Este poema foi cantado em 28/03/1981 no IV Festival da Canção Jovem (JCP), tendo ganho o prémio da melhor letra, prémio esse que me foi entregue pelo cantor Carlos Mendes.
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