segunda-feira, 6 de abril de 2009

As Rosas













Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das Primaveras,
A doçura amarga dos poentes
E a exaltação de todas as esperas.

Sophia de Mello Breyner Andresen,
«Dia do Mar» in Cem Poemas de Sophia,
Paço de Arcos, Visão JL, 2004

Escreve Helena Malheiro a propósito deste poema:

«Para "prender" o tempo, a poetisa não hesita em "trincar" as rosas, como se a energia vital da flor a pudesse contaminar também.»
Cf. O Enigma de Sophia - Da Sombra à Claridade, Alfragide, Oficina do Livro, 2008

Nota: Ensaio altamente recomendável, até porque a autora é Prémio Revelação do Ensaio da APE - 1980
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