quarta-feira, 15 de abril de 2009
Som e cor
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Alucina-me a cor! A rosa é como a lira,
A lira pelo tempo há muito engrinaldada,
E é já velha a união, a núpcia sagrada,
Entre a cor que nos prende e a nota que suspira.
Se a terra, às vezes, cria a flor que não inspira,
A teatral camélia, a branca enfastiada,
Muitas vezes, no ar, perpassa a nota alada
Como a perdida cor dalguma flor, que expira...
Há plantas ideais dum cântico divino,
Irmãs do oboé, gémeas do violino,
Há gemidos no azul, gritos no carmesim...
A magnólia é uma harpa etérea e perfumada
E o cacto, a larga flor, vermelha, ensanguentada,
Tem notas marciais: soa como um clarim!
Gomes Leal, Claridades do Sul