quinta-feira, 9 de abril de 2009

Rosas e cantigas




C
astelo de
Montemor-o-Velho
onde há uma lápide
com versos de
Afonso Duarte.


Eu hei-de despedir-me desta lida,
Rosas? - Árvores! hei-de abrir-vos covas
E deixar-vos ainda quando novas?
Eu posso lá morrer, terra florida!

A palavra de adeus é a mais sentida
Deste meu coração cheio de trovas...
Só bens me dê o céu! eu tenho provas
Que não há bem que pague o desta vida.

E os cravos, manjerico, e limonete,
Oh! que perfume dão às raparigas!
Que lindos são nos seios do corpete!

Como és, nuvem dos céus, água do mar,
Flores que eu trato, rosas e cantigas,
Cá, do outro mundo, me fareis voltar.

Afonso Duarte


N. a 1 de Janeiro de 1884 na Ereira, Verride, Montemor-o-Velho.
Foi professor no Liceu de Vila Real e no Liceu Gil Vicente, em Lisboa, e chefe de secretaria em várias escolas, mas notabilizou-se, a nível europeu, como pedagogo na Escola Normal.
Em 1956, sai a 1.ª edição da sua Obra Poética, das Iniciativas Editoriais, uma recolha dos livros de poesia já publicados e outros poemas. A 2.ª edição, aumentada, sai na Guimarães Editores no ano seguinte. A 3.ª edição, póstuma e definitiva é de 1974.
Tinha falecido em Coimbra, a 5 de Março de 1958, ficando sepultado o seu corpo na Ereira, terra natal.