terça-feira, 12 de maio de 2009

Livro de Horas
















No Livro de Horas, que leio,
há a história do meu destino...

...Mistério,
desatino,
choros de fados e saudade inútil,
cenários de luar,
um corpo inexplorado de Mulher-Menina
na quentura da noite,
e tudo o mais que eu não li
porque saltei para o fim.
E no fim outra história continuava,
mas que não era já do meu destino.

Essa era só um minuto
em todo o livro das horas,
Louco, que corri mundo procurando
o meu minuto.

Um só minuto que interessa,
se é o destino de todos que se joga,
se são as horas todas o que interessa?!

Álvaro Feijó, Os Poemas de Álvaro Feijó,
Porto, Brasília Editora, 1978, 3.ª ed. (1941)

Nasceu em 1916 em Viana do Castelo e morreu de tuberculose com 24 anos (1941), tendo publicado em vida apenas um livro de poesia - Corsário. Era sobrinho-neto de António Feijó. Incluído habitualmente na escola neo-realista, é um dos poetas do Novo Cancioneiro.