quinta-feira, 21 de maio de 2009

Pedra de Sísifo II










Relógio de sol

em Mourilhe -
Montalegre
(Foto A.M.)







Agora medirei o tempo
Pela vara erguida ao meio-dia
Pela areia a descer o coração
E o sono

Pela cinza no cabelo de Jacob
Pelas agulhas no colo de Penélope

Agora lavarei a minha face
Sem perturbar os círculos da água
Medirei o tempo pelo peso da pedra
De Sísifo, perto do cimo
E pelo musgo que dificulta
A firmeza dos seus pés

Partirei sozinho na viagem
Sem nenhuma pedra ou senda repetida
E no tempo repetido acharei uma saída
Uma manhã depois de uma manhã

Daniel Faria, Poesia,
V. N. Famalicão, Edições Quasi,2006, 2.ª ed.