o desfile patético da história.
Viram passar os reis e as rainhas
os condes e os lóios, amigos e inimigos.
Viram justas, torneios e batalhas,
incursões de Almansor e Bonaparte.
E viram multidões a sucumbir à peste
ou a tentar fugir-lhe com votos e ex-votos.
Todos passaram como passam as torrentes do Cáster.
Jazem estrato após estrato neste chão
de que se nutrem os plátanos da praça.
Entre ramos e folhas que se agitam
vagueiam essas sombras do passado.
É aí que rumoreja a alma do Rossio.
Come e bebe e ri e saboreia o instante,
olhando para onde aponta a ramaria.
Esquecerás assim que também tu
serás passado e chão e serás alvo
do riso milenar dos torreões impávidos.
Anthero Monteiro
Poema inscrito na parede do Restaurante Bar Rossio com Alma,
no centro de Santa Maria da Feira,
e expressamente redigido pelo autor para o efeito.
(Publicado na Revista VILLA DA FEIRA n.º 20,
Santa Maria da Feira, LAF - LIga dos Amigosda Feira)