sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Epílogo








Foto
Anthero
Monteiro





Estas páginas foram escritas a caminhar sobre a água, E só assim se podem ler.
Não procurei nada, Não retive nada.
Limitei-me a acusar o choque – brutal, por vezes – de um grão de pólen ou de uma brisa inesperada.

Não conheço outro ritmo que não seja o das estações.
Outra música que não a das gotas de chuva nos limoeiros.
Outra fuga que não a de um pássaro assustado com a sua própria sombra.

No fundo, o que me recuso a acreditar é que estejamos condenados.
Apesar dos prados envenenados, da lenta agonia dos rios e do mar.
Da atmosfera cada vez mais carregada das cidades.
Contanto que a poesia seja – continue a ser –

um lugar
onde ainda se pode
respirar

Jorge de Sousa Braga, «Os Pés Luminosos» in O Poeta Nu,
Lisboa, Fenda, 1999, 2.ª ed.

...Epílogo é um termo adequado para encerrarmos esta recolha de poemas sobre o tema que nos propusemos durante o mês de Fevereiro, agora no seu término: "ÁRVORES PARA ABRAÇAR".
Preparámos, assim, a sessão da Onda Poética do mês de Março, que, como habitualmente, se realiza na segunda Quinta-Feira do mês, ou seja, no dia 12, na Junta de Freguesia de Espinho.
A maioris dos textos escolhidos pelos leitores será deste blogue, ainda que os participantes tenham liberdade absoluta para trazerem os poemas que entenderem e donde lhes der mais jeito.
Na próxima sessão, a Onda Poética de Espinho comemorará 11 anos de existência, com sessões mensais quase sem interrrupção, apesar de alguns pequenos acidentes de percurso.

Todo esse tempo, estivemos ao serviço da Comunidade, da Poesia e dos Poetas, sem esperar compensações nem sequer palavras de reconhecimento, que nunca tivemos.
Obrigados, dizemos nós.