segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O Outono

















Foto A.M.







Já o sol, Platero, começa a ter preguiça de sair dos seus lençóis, e os lavradores madrugam mais do que ele. É verdade que está nu e que faz frio.
Como sopra o norte! Olha, pelo chão, os galhos caídos; o vento é tão áspero e direito, que estão todos paralelos, apontados para o sul.
O arado vai, como tosca arma de guerra, para o labor alegre da paz, Platero; e, no largo caminho húmido, as árvores amarelas, certas de reverdecer, alumiam de um lado e outro, como suaves fogueiras de ouro claro, o nosso rápido caminhar.

Juan Ramón Jiménez, Platero e Eu,
Lisboa, Livros do Brasil, s/d

Espanha, 1881-1958. Prémio Nobel em 1956.