terça-feira, 24 de novembro de 2009

Bacanal


Bachus,
Diego
Velásquez,
oil on
canvas,
Museu
do Prado







Quero beber! cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco...
Evoé Baco!

Lá se me parte a alma levada
No torvelim da mascarada,
A gargalhar em doudo assomo...
Evoé Momo!

Lacem-na toda, multicores,
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venenos...
Evoé Vênus!

Se perguntarem: Que mais queres,
Além de versos e mulheres?...
—Vinhos!.., o vinho que é o meu fraco!...
Evoé Baco!

O alfanje rútilo da lua,
Por decolar a nuca nua
Que me alucina e que eu não domo!
Evoé Momo!

A Lira etérea, a grande Lira!...
Por que eu estático desfira
Em seu louvor versos obscenos.
Evoé Vênus!

Manuel Bandeira