quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Carpe diem (Ode a Leucónoe)





Quintus
Horatius
Flaccus






Não procures, Leucónoe, - ímpio será sabê-lo -
que fim a nós os dois os deuses destinaram;
não consultes sequer os números babilónicos:
Melhor é aceitar! E venha o que vier!
Quer Júpiter te dê inda muitos Invernos,
quer seja o derradeiro este que ora desfaz
nos rochedos hostis ondas do mar Tirreno,
vive com sensatez destilando o teu vinho
e, como a vida é breve, encurta a longa esp'rança.
De inveja o tempo voa enquanto nós falamos:
trata pois de colher o dia, o dia de hoje,
que nunca o de amanhã merece confiança.

Horácio
Tradução de David Mourão-Ferreira in
Vozes da Poesia Europeia – I, Colóquio Letras n.º 163,
Janeiro - Abril 2003

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Quintus Horatius Flaccus nasceu em Dezembro de 65 a.C. em Venúsia, Itália, filho de antigo escravo e morreu em 27 de Novembro do ano 8 d.C. em Roma.

É um dos mais famosos escritores da época de ouro a que pertenceram Cícero, Virgílio e Cátulo, advindo-lhe esse renome essencialmente das suas Odes, onde, à maneira epicurista do Carpe Diem, se retrata a brevidade da vida e a caducidade das coisas, apontando-se como solução gozar a vida no seu máximo e apreciar, enquanto é possível, as coisas simples e essenciais da vida. A expressão Carpe Diem, que nos vem servindo de tema, provém deste poema de Horácio.