sábado, 28 de março de 2009

Lendo Álvaro de Campos





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A lua dissolve no azul o pigmento de estrelas

Se há em mim alguma correlação
entre as qualidades e os defeitos
não a acho Se há que se anulem
que é como quem diz: que se lixe

Mas a poesia ainda vive

esquimó das minhas esperas árcticas

alvo da curiosidade à minha volta
--------------------------------- dêem-lhe ne giba

Oh Álvaro
na concha da minha paciência oceânica.

Sebastião Alba, Uma Pedra ao Lado da Evidência,
Porto, Campo das Letras, 2000

Sebastião Alba, ou seja Dinis Carneiro Gonçalves, nasceu na freguesia da Cividade - Braga em 11/3/1940. Viveu em Moçambique até 1981. De regresso a Portugal, foi viver para Braga. Foi opção sua romper com o seu estatuto e «viver sob um tecto de estrelas em parte incerta».
Dormia num banco de jardim ou nas entradas do prédios ou no alpendre da capela de Santo Adrião. Fazia-se acompanhar de um rádio sempre sintonizadona Antena 2. Eram também sua companhia habitual o café, o álcool e o tabaco.
Ganhou o Grande Prémio de Literatura ITF, mas entregou o dinheiro respectivo às filhas.
Em 14 de Outubro de 2000 foi atropelado por um automóvel à saída de um bar.
Outras obras: O Ritmo do Presságio, A Noite Dividida, O Limite Diáfano, Alba.