segunda-feira, 16 de março de 2009

A lua


















Mandala des trois lunes
in
http://omentie.unblog.fr/tag/mandalas/


A lua pode tomar-se às colheradas
Ou como uma cápsula cada duas horas.
É boa como hipnótico e sedativo
E também alivia
Os que se envenenaram de filosofia.
Um pedaço de lua no bolso
É melhor amuleto que pata de coelho;
Serve para encontrar a quem se ama,
Para ser rico sem que ninguém o saiba
E para afastar os médicos e as clínicas.
Pode dar-se de sobremesa às crianças
Quando não adormeceram,
E umas gotas de lua nos olhos dos anciãos
Ajudam-nos a bem morrer.

Põe uma folha terna de lua
Debaixo do travesseiro
E enxergarás o que quiseres ver.
Leva sempre contigo um frasquinho do ar da lua
Para quando te afogares,
E dá a chave da lua
Aos presos e aos desencantados.
Para os condenados à morte
E para os condenados à vida
Não há melhor estimulante do que a lua
Em doses precisas e controladas.

Jaime Sabines
(tradução de Anthero Monteiro)

Jaime Sabines (mexicano), nasceu em Chiapas em 1926 e morreu de cancro na Cidade do México em 1999:
"No hay que llorar la muerte, es mejor celebrar la vida".