terça-feira, 10 de março de 2009

Os astros íntimos









Foto in
sobretudofilmes.wordpress.com





Consulto a luz dos meus astros,
cada qual de cada vez.
Primeiro olho o do meu peito:
um sol turvo é o meu defeito.

A minha amada adormece
desgostosa do que sou:
a estrela da minha fronte
de descuidos se apagou.

Ela sonha mal do rumo
que minha galáxia tomou.
Não sabe que uma esmeralda
se esconde na dor que dou.

A cara consigo ver,
sem tremor e sem temor,
da treva engolindo a flor.
Percorre a mata um espanto.

A constelação que outrora
ardente cruzava o campo
da vida, hoje mal demora
no fulgor de um pirilampo.

Mas vale ver que perdura
serena em seu resplendor,
mesmo de luz esgarçada,
a nebulosa do amor.

Tiago de Mello (Brasil), in
http://www.revista.agulha.nom.br/tmello.html