segunda-feira, 23 de março de 2009
A última estrela
Há ainda a última estrela. A rua
Dorme. As casas dormem. Eu não! Daqui a pouco
Só mesmo alguém completamente louco
Dirá que a noite ainda continua.
Uma estrela, quando já é apenas uma,
Anuncia sempre o fim de qualquer coisa bela.
(Nenhuma
estrela
É verdadeiramnete bela senão
Por que se apaga!) E, mais cedo ou mais tarde,
Uma estrela será a última no céu.
- A rua dorme. As casas dormem. Eu não!
Olho a última estrela, enquanto arde:
E sonho que essa estrela, enfim, sou eu...
Eduíno de Jesus, de A Cidade Destruída Durante o Eclipse, 1957
in Ruy Galvão de Carvalho (pref., sel. e notas), Antologia Poética dos Açores, Vol. II,
Angra de Heroísmo, Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1979.
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Deve ter sido mais ou menos pela altura da data da publicação desta antologia, que eu conheci Eduíno de Jesus, com quem participei, na altura, num estágio sobre Iniciação à Comunicação Audioviaul (ICAV) em Bordéus, França.
É natural de Arrifes - Ponta Delgada, onde nasceu em 1928. Ocupou, na poesia açoriana, um lugar cimeiro «como renovador temático e expressional».
Foi também ensaísta, crítico literário e de artes plásticas. Colaborou na imprensa açoriana e na do continente e publicou uma peça de teatro (Cinco Minutos e um Destino). Viu poemas seus serem traduzidos para francês. Além do livro de poesia mencionado, editou ainda Caminho para o Desconhecido (1952) e O Rei Lua (1955) e provavelmente outros mais.
Por onde andas, Eduíno?