segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Chuva na areia
Terça feira,
quarta feira,
quinta,
sexta,
tanto faz.
Ou desta ou doutra maneira,
domingo ou segunda feira,
nenhuma esperança me traz
Que eu nem sei bem pelo que espero.
Se aprender o que não sei,
se esquecer o que aprendi,
se impor meu ser e meu quero,
se, num ti que eu inventei,
nenúfares boiar em ti.
Que esta coisa que se espera
é no dobrar de uma esquina.
Um clarão que dilacera,
a explosão de uma cratera,
vida, ou morte, repentina.
António Gedeão, Poesias Completas (1956-1967),
Lisboa, Portugália Editora, 1975, 5.ª ed.