terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Pertença
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tenho-te porque não te possuo
também são minhas as estrelas inalcançáveis
e é minha a noite com seus dedos indefinidos
são meus os acenos das magnólias de fevereiro
e a sua fragrância em março dissipada
tenho-te porque estremeces no poema das horas
e na cadência e decadência dos meus versos
porque és tinta vibrante dos poentes
água dos oceanos insubmissos
e do orvalho trémulo dos meus olhos
também são meus os acordes da criação
os delírios do piano de keith jarrett
a árvore que puseram diante da minha janela
com um presente de gorjeios
a música safira do teu sorriso
e a promessa sempre adiada dos teus lábios
tenho-te fugaz como à concórdia universal
como ao abraço do vento e das searas
como ao roçar da asa dos instantes
como ao ardil estético da aranha
como à cor da minha inútil esperança
tenho-te água brotando da pedra
jamais tocada pela avidez dos lábios
és-me cristalina e bela e tenho-te ao dispor
e pois que te quero assim nunca te possuirei
mas serás minha para sempre
que o mesmo é dizer
para nunca mais
Anthero Monteiro, Desesperânsia,
V. N. Gaia, Corpos Editora, 2003
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tenho-te porque não te possuo
também são minhas as estrelas inalcançáveis
e é minha a noite com seus dedos indefinidos
são meus os acenos das magnólias de fevereiro
e a sua fragrância em março dissipada
tenho-te porque estremeces no poema das horas
e na cadência e decadência dos meus versos
porque és tinta vibrante dos poentes
água dos oceanos insubmissos
e do orvalho trémulo dos meus olhos
também são meus os acordes da criação
os delírios do piano de keith jarrett
a árvore que puseram diante da minha janela
com um presente de gorjeios
a música safira do teu sorriso
e a promessa sempre adiada dos teus lábios
tenho-te fugaz como à concórdia universal
como ao abraço do vento e das searas
como ao roçar da asa dos instantes
como ao ardil estético da aranha
como à cor da minha inútil esperança
tenho-te água brotando da pedra
jamais tocada pela avidez dos lábios
és-me cristalina e bela e tenho-te ao dispor
e pois que te quero assim nunca te possuirei
mas serás minha para sempre
que o mesmo é dizer
para nunca mais
Anthero Monteiro, Desesperânsia,
V. N. Gaia, Corpos Editora, 2003