quarta-feira, 24 de junho de 2009

O Rei de Thule





Goethe, de Warhol
in www.differnet.com






Houve em Thule um rei, fiel
Até que a morte o levou;
A sua amada, ao morrer,
Taça de oiro lhe deixou.

Nada amava ele mais na vida;
Consigo sempre a trazia;
Os olhos se lhe toldavam
Sempre que dela bebia.

As cidades do seu reino
Contou, ao chegar-se a morte.
Tudo - só a taça não! -
Deixou ao herdeiro em sorte.

Com seus cavaleiros foi-se
El-rei à mesa assentar,
No salão de seus avós
Do castelo à beira-mar.

O rei velhinho bebeu
Ardor último da vida,
E atirou a taça santa
Pra a água, por despedida.

Viu-a cair, e no mar
se embebeu e mergulhou.
Embaciou-se o olhar...
Nunca mais vinho provou.
-
J. W. Goethe, Poemas,
Coimbra, Centelha, 1986, 4.ª ed., versão de Paulo Quintela

Esta é uma das célebres baladas do grande poeta alemão, autor do Fausto, obra em que se integra este poema. Daremos, de seguida, conta de outras várias versões de importantes poetas portugueses: Castilho, Antero de Quental, Gomes Leal, etc.