quinta-feira, 25 de junho de 2009

O Rei de Tule


Capa da revista
Folhas de Poesia n.º 3
in
http://folhas-de-poesia.blogspot.com/










Como um anjo não falas, e o silêncio,
sussurro de presença e de cuidados,
que linguagem será na tua boca
senão dos lábios a moverem-se húmidos?

Às vezes, quando a noite avança
e drapejantes param luminosas trevas,
eu escuto que não escuto
sequer teus lábios horizontes de asas.
E lágrimas me descem, desceriam,
por tanto alheio rosto sobreposto ao meu,
que à minha porta e alisando as penas
pacientemente mas recolhes.

Porém, está seca a taça que me estendes:
ou já bebi, ou tudo foi outrora.

11/9/1951

Jorge de Sena, in revista Folhas de Poesia n.º 3, Setembro 1958

Ver outras versões da célebre balada de Goethe ou outros poemas nela inspirados, em posts anteriores.