segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Conjugação


A construção dos poemas é uma vela aberta ao meio

e coberta de bolor

é a suspensão momentânea dum arrepio num dente

fino

Como Uma Agulha


A construçãpo dos poemas

A CONS

TRU

ÇÃO DOS

POEMAS


é como matar muitas pulgas com unhas de oiro azul

é como amar formigas brancas obsesssivamente junto

ao peito

olhar uma paisagem em frente e ver um abismo

ver o abismo e sentir uma pedrada nas costas

sentir a pedrada e imaginar-se sem pensar de repente


NUM TÚMULO EXAUSTIVO


António Maria Lisboa, Poesia, Lisboa, Assírio & Alvim, 1995