Para não sentires o tremendo fardo do tempo
que te despedaça os ombros e te verga para o chão,
é preciso embriagares-te sem cessar.
ao teu gosto, mas embriaga-te.
E se alguma vez, nos degraus dum palácio,
sobre as verdes ervas duma vala,
acordares com a embriaguez já atenuada ou desaparecida,
pergunta ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio,
a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que gira,
a tudo o que canta, a tudo o que fala,
pergunta que horas são.
E o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio,
para não seres o escravo martirizado do tempo,
embriaga-te, embriaga-te sem cessar
com vinho, com poesia ou com a virtude,
ao teu gosto.
Sê a vida, sente-te vivo, sê tu mesmo.
Tradução de Anthero Monteiro do texto em francês inserto no blogue http://www.pascalobispoblog.com/