sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Exercício
Nos dias em que o vento anima a roupa
suspensa desta ou daquela janela
o meu olhar perdido não a poupa
e vai seguindo os movimentos dela.
Aqui estou tristezas alegrias
Nesta colina do instante canto
esta vida indecisa de maresias
ó vida ameaçada enquanto
a minha grande esperança é o café
Agora que o tomei
com pressa e frenesim até
o que vai ser a vida ainda não sei
Mosteiro dos Jerónimos fachada
impassível ao vão vaivém humano
aqui ando eu perdido de ano em ano
ó vida noves fora nada
Nos dúbios dias da destruição do verão
quando tudo parece acabar
regresso então à versificação
e encontro nos papéis o meu segundo mar
Ruy Belo, Homem de Palavra(s)