segunda-feira, 12 de outubro de 2009
A ostra
A ostra, com os peixes conversando,
não teve mão em si que não dissesse:
- Que vida preciosa, a minha! Quem merece
Mais cuidados do que eu? Sabei que mil fulgores
Se me acumulam nas entranhas...
Crio jóias sem par... jóias estranhas...
Numa palavra: pérolas, senhores!
O céu, o mar, os astros,
Solícitos, de rastros,
Vêm ofertar-me as suas cores.
Tenho dentro de mim reflexos diamantinos
E cristalinos... argentinos...
Cintilações... lucilações a esmo,
Enfim, é o mesmo
Que dar à luz o Sol! Talvez melhor, a Lua.
- Ah! (um peixe responde), ouvi dizer
Que até te comem crua!
Cabral do Nascimento, Cancioneiro,
Porto, Editorial Inova, 1976
não teve mão em si que não dissesse:
- Que vida preciosa, a minha! Quem merece
Mais cuidados do que eu? Sabei que mil fulgores
Se me acumulam nas entranhas...
Crio jóias sem par... jóias estranhas...
Numa palavra: pérolas, senhores!
O céu, o mar, os astros,
Solícitos, de rastros,
Vêm ofertar-me as suas cores.
Tenho dentro de mim reflexos diamantinos
E cristalinos... argentinos...
Cintilações... lucilações a esmo,
Enfim, é o mesmo
Que dar à luz o Sol! Talvez melhor, a Lua.
- Ah! (um peixe responde), ouvi dizer
Que até te comem crua!
Cabral do Nascimento, Cancioneiro,
Porto, Editorial Inova, 1976
Etiquetas:
Cabral do Nascimento,
POESIA PARA COMER... E BEBER