domingo, 11 de outubro de 2009

Sigamos o cherne












Sigamos o cherne, minha Amiga!
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que a fantasia
E aceitemos, até, do cherne um beijo,
Senão já com amor, com alegria...
Em cada um de nós circula o cherne,
Quase sempre mentido e olvidado.

Em água silenciosa de passado
Circula o cherne: traído
Peixe recalcado...
Sigamos, pois, o cherne, antes que venha,
Já morto, boiar ao lume de água,
Nos olhos rasos de água,
Quando mentido o cherne a vida inteira,
Não somos mais que solidão e mágoa...

Alexandre O'Neill
, Tomai lá do O'Neill,
Mem Martins / Rio de Mouro, Círculo de Leitores, 1986

___________

Poema escrito "depois de ver o filme O Mundo do Silêncio de Jacques Cousteau"