segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Brito



Praça Municipal de Braga,
onde nasceu João Penha no n.º 7
(Foto in
www.skyscrapercity.com)






Eis que te partes para além do espaço,
Envolvido na estola do infinito.
Leve-te Deus em paz, amigo Brito:
Nós ficamos por medo do cansaço.

Eu, por mais abstracções que invento e faço,
Por mais transcendental que em ti cogito,
Não posso imaginar-te ideia ou mito,
Mas um rumor de Kant em seu cachaço.

Lá desses sítios, em que etéreo voas,
Responde a isto, que daqui pergunto,
Não em prosa, que é vil, mas nestas loas,

Em que resumo o delicado assunto:
«As fêmeas do infinito, diz, são boas?
Há bom vinho por lá, há bom presunto?»

João Penha, Antologia Poética de João Penha,
Braga, Biblioteca Pública / Universidade do Minho, 1990
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N.
em Braga em 1938.
F. em 1919.
Poeta parnasiano.
Um boémio, cujos temas principais são:
as mulheres, o vinho, o paio e o presunto.