quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Leonor
Descalça vai para a fonte
Leonor pela verdura
Vai formosa e não segura
Leva a bilha na cabeça
p'ra despistar e mais nada
Tem água canalizada
e nem é que lhe apeteça
Sua sede não é essa
É de amor - e não tem cura!
Vai formosa e não segura
Também leva o coração
aos pulos dentro do peito
coração insatisfeito
sequioso de emoção
A sua grande paixão
espera-a na fonte pura
Vai formosa e não segura
Com a pressa de chegar
esqueceu a sapatilha
quase ia quebrando a bilha
e torcendo o calcanhar
Lá se vai dessedentar
na água limpa da ternura
Vai formosa e não segura
A mãe chama-a da janela
o pai resmunga e ameaça
Nada há que se lhe faça
que já não toma cautela
Corre quase que atropela
com a graça a formosura
...E já ninguém a segura!
Anthero Monteiro, A Lia Que Lia Lia,
Espinho, Elefante Editores, 1999
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Poesia infantil