sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Sonho
Elio Oliveira,
Os deuses fizeram-me para sonhar (ou alvacar 3),
técnica mista sobre tela, 2001
(inspirado no poema)
por mais que te escapes
não te escapas do meu sonho
por mais faróis que acendas
é o meu sonho quem ilumina o teu caminho
foste o círculo primevo guardado no rochedo
ao lado dos equídeos
e tornaste-te o quadrúpede submisso e diligente
que afeiçoa a corcova
ao meu sonho de comodidade
ainda há pouco rastejavas
feito lagarta belicosa
dos que adoram os vermes tão próximos do chão
mas já te ergues sobranceiro
tapete entretecido de sonhos orientais
mais penetrante e candente do que o lume das águias
acelera
mas por mais que aceleres
agarra-te bem ao meu pensamento lembra-te
que nasceste para me obedeceres e seguires
a mim
os deuses fizeram-me para sonhar
e esqueceram-se do travão
Anthero Monteiro, in projecto O Animal e a Selva,
V. N. Gaia, Alvacar 1982/2002
---------------------
O poema intenta contar em traços largos a história do automóvel.
Foi escrito expressamente para a comemoração, em 2002,
dos 20 anos da Alvacar do meu amigo Álvaro Sabença.
Os deuses fizeram-me para sonhar (ou alvacar 3),
técnica mista sobre tela, 2001
(inspirado no poema)
por mais que te escapes
não te escapas do meu sonho
por mais faróis que acendas
é o meu sonho quem ilumina o teu caminho
foste o círculo primevo guardado no rochedo
ao lado dos equídeos
e tornaste-te o quadrúpede submisso e diligente
que afeiçoa a corcova
ao meu sonho de comodidade
ainda há pouco rastejavas
feito lagarta belicosa
dos que adoram os vermes tão próximos do chão
mas já te ergues sobranceiro
tapete entretecido de sonhos orientais
mais penetrante e candente do que o lume das águias
acelera
mas por mais que aceleres
agarra-te bem ao meu pensamento lembra-te
que nasceste para me obedeceres e seguires
a mim
os deuses fizeram-me para sonhar
e esqueceram-se do travão
Anthero Monteiro, in projecto O Animal e a Selva,
V. N. Gaia, Alvacar 1982/2002
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O poema intenta contar em traços largos a história do automóvel.
Foi escrito expressamente para a comemoração, em 2002,
dos 20 anos da Alvacar do meu amigo Álvaro Sabença.