Tenho direito a ter um nome
e uma nação
Tenho direito a não ter fome
e a ter pão
Tenho direito à liberdade
Tenho direito à igualdade
Tenho direito à educação
Tenho direito a ter amor
e compreensão
seja qual for
a minha raça a minha cor
ou religião
Tenho direito a tratamento
Tenho direito a alojamento
Tenho direito à distracção
Tenho direito à amizade
e à protecção
da negligência crueldade
ou exploração
Tenho direito à segurança
Tenho direito a ser criança
CUMPRA-SE ESTA DECLARAÇÃO
Anthero Monteiro,
A Lia Que Lia Lia,
Espinho, Elefante Editores, 1999
Na Escola EB 2/3 SáCouto, de Espinho, onde dei aulas durante cerca de 30 anos, há um mural, dentro de uma sala de aulas, com este poema inscrito e ilustrado por alunos daquele estabelecimento. Digo "há", mas ainda havia na última vez que revisitei a escola. Nada é eterno, mas é imenso o prazer e a honra que sinto ao deparar com este sinal da minha passagem por aquelas salas.
Hoje, quando regresso a essa escola ou vou a qualquer outra (e faço-o muitas vezes), vejo claramente que ser professor já não é a mesma coisa. Não por culpa da classe docente, que foi preparada para tudo, menos para ser pessoal de secretaria ou auxiliar de apoio, mas por culpa de quem continua a fazer dos professores simples máquina de transmissão de um Ministério sem ideias e sem qualquer rigor pedagógico. Não tardará muito vermos os professores com uma pano do pó e um aspirador ou uma vassoura nas mãos...
Esta é também uma forma de solidarizar-me com os professores, que hoje não têm tempo sequer para preparar convenientemente as suas aulas ou conhecer devidamente os seus alunos. É cada vez maior a carga dos seus deveres e nada se sabe sobre os seus direitos.