segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Infância (e a Ana também)

impossível resistir: a poesia
regressa sempre ao local
da infância

vou urdindo o poema
com tramas de memória
- e o papel impaciente

acalmo-o
acaricio-o com o instrumento da escrita
uma quilha a romper as ondas de outrora

e é quando tudo promete
que um diabinho palrador
se aproxima e me pede colo

e lá se vão os versos sobre a infância

impossível resistir: que importa
perder um poema
quando se pode ter nos braços
toda a poesia do mundo?

Anthero Monteiro (inédito)