sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
Poema com camarinhas (corema album)
as mãos vazias sim. e o relógio no pulso
a dar conta das horas perdidas dos anos em cinza
das pegadas alisadas por dunas viajantes.
cavalgo então no dorso de uma ali por mira
mar senhor da pedra à vista e encontro
aquelas translúcidas camândulas
com que encho os bolsos e mato
a sede à saudade. Voo então no bico
das gaivotas até mais além bem dentro da infância
e pouso numa palmeira do adro da igreja à sombra
da qual aos domingos mulheres de negro vendiam
doces de gema níveos de açúcar e as mesmas bagas
minúsculas que trazíamos para casa num cone de jornal.
agora sim as mãos vazias e tanto bolso roto incapaz
de suster a memória dos dias afogueados a lata dos doces
comida da ferrugem e das formigas e a boca sedenta
de frutos sumarentos exilados do mercado e dos dias do senhor.
de repente topo de novo estas pequenas
drupas rosadas e que bem me sabem
uhmm camarinhas num poema de rosa alice.
Anthero Monteiro
(inédito e a propósito do poema postado imediatamente antes, de Rosa Alice Branco)
a dar conta das horas perdidas dos anos em cinza
das pegadas alisadas por dunas viajantes.
cavalgo então no dorso de uma ali por mira
mar senhor da pedra à vista e encontro
aquelas translúcidas camândulas
com que encho os bolsos e mato
a sede à saudade. Voo então no bico
das gaivotas até mais além bem dentro da infância
e pouso numa palmeira do adro da igreja à sombra
da qual aos domingos mulheres de negro vendiam
doces de gema níveos de açúcar e as mesmas bagas
minúsculas que trazíamos para casa num cone de jornal.
agora sim as mãos vazias e tanto bolso roto incapaz
de suster a memória dos dias afogueados a lata dos doces
comida da ferrugem e das formigas e a boca sedenta
de frutos sumarentos exilados do mercado e dos dias do senhor.
de repente topo de novo estas pequenas
drupas rosadas e que bem me sabem
uhmm camarinhas num poema de rosa alice.
Anthero Monteiro
(inédito e a propósito do poema postado imediatamente antes, de Rosa Alice Branco)
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