quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O caminho de casa


Volto de noite para casa.
Tudo é memória fora de mim
ou onde em mim alguém conduz
fisicamente o automóvel.

Como não estarei
nem não estarei
em nenhum sítio, voltando
absolutamnte para casa?

Subindo as escadas grave e inocente
como quem volta à noite para casa
e voltando para casa inteiramente
e adormecendo em mim como em casa?

Manuel António Pina, O Caminho de Casa, ed. do autor, 1989